Memória
Houve, um dia, aqui uma praça
Onde tantas crianças cantavam
Houve, um dia, aqui uma praça
Onde os velhos sorriam lembranças
Houve, um dia, aqui uma praça
Onde os jovens, em bando, se amavam
E os homens brincavam trabalho
Um trabalho sem desesperança
Digo, meu filho, que esse jardim
Era o viço da vida vingando
Digo, meu filho, que esse jardim
Era o brilho dos olhos despertos
Digo, meu filho, que esse jardim
Era o branco dos dentes brilhando
E a festa da vida seguia
Pelo tranco dos gestos libertos
Digo de fresca memória
Que aqui não havia do medo esse cheiro
Digo de fresca memória
Que aqui não havia de estátuas canteiros
Houve um dia
Uma praça, uma rua, uma esquina
Cidade, uma país
Houve crianças e jovens
E homens e velhos
Um povo feliz