Dez e dez
No meu relógio,
Exatamente dez e dez.
Já nem sei mais quem sou,
Nem sei mais quem tu és.
Quem sabe estejas,
Em algum lugar comum.
Que por ser tão vulgar,
Não tenha nome algum.
Por despeito,
É quem me faz pensar assim.
Até suspeito,
Não caber dentro de mim.
Imaginar você,
E outra pessoa,
E eu aqui tão só,
Me consumindo a tôa.
E este meu despeito,
Ciumento e forte.
Me faz temer,
A minha própria sorte.
Olho pro relógio,
São mais que dez e dez,
E eu te desejando mal.
Mas querendo-te a meus pés.
O telefone,
Essa noite não tocou.
Até parece
Que o mundo inteiro se calou.
E esse silêncio,
Enorme e maldito.
É mais que um grito,
A gritar dentro de mim.
E este meu despeito,
Ciumento e forte.
Me faz temer,
A minha própria sorte.