Destinos Iguais
Já foi no morrer do dia
Quando ouvi com alegria
Dois canários a cantar
Com gorjeio de ternura
O casal trocava juras
De jamais se separar
De repente, da galhada
Como alguém numa emboscada
Vi surgir um gavião
Atacou a canarinha
E levou a avezinha
Confessando a traição
O canário alucinado
Perseguiu desesperado
O terrível malfeitor
Mas depois voltou chorando
Muito triste soluçando
Num gorjear cheio de dor
Ao ouvir o triste canto
Compreendi que era o pranto
De quem chora por alguém
Eu ali tão solitário
Triste só com o canário
Sem querer chorei também
Em vez da felicidade
Amargura da saudade
Não nos deixara jamais
Somos dois que assim padecem
Nossas vidas se parecem
E os destinos são iguais