Retrato
Ainda que seja a carvão
Pátria
Retrato é tributo, homenagem
Mesmo que feito a preto e branco
E este preto e branco foi viagem
Luto, de partida obrigatória
E pranto por saber que já não dou de mim a ti
Ó pátria
A minha história tão feita de amor
E nostalgia
Tão feita de dor
Que principia
Na alma um fado
Navegante
Um fado de quem vai
Sempre adiante
Quando alguém lhe quer
Tolher o passo
Este retrato de mim
É um pedaço da vida
Que me não deixam dar-te
Do tеmpo que me não deixam tеr-te
Da saudade que sinto ao querer ver-te
Quando ela é verruma no meu jeito
Este retrato assim é mês de maio
Papoila a despontar
É milho, é trigo
Nos campos da minha terra a ondular
E meu canto é berço a embalar
Minha voz doída de quebranto
Porque não é teu o chão que piso
Nem de pinho a cama em que me deito
E rasgando a alma
Em tristes versos vou juntando
Os meus sonhos dispersos
E guardo-te, em amor
Dentro do peito