O Gigante
Estava o gigante sentado, lá no seu banco de pedra
a resmungar e a mascar um osso velho
por muitos e muitos anos sempre mascara no mesmo
pois que a carne não vinha a esmo
Não vem mesmo! Não vem mesmo!
Numa caverna dos montes, ele vivia sozinho
e carne não tinha o coitadinho
E então chegou o Tom com as suas botifarras
e disse para o gigante: "Que osso róis tu assim?
Pois me parece a canela do meu tio Joaquim
que devia estar lá no cemitério
Cemitério! Ermitério!
Pois que há já muitos anos que o Quim se foi
e eu julgava-o deitado no cemitério
Meu rapaz, disse o gigante, este osso eu o roubei
Mas que valem os ossos que num buraco achei?
O teu tio estava morto como bala de chumbo
quando achasse a canela já não era deste mundo
Deste mundo! Furibundo!
E bem pode repartir com um gigante sem ela
pois quem não precisa da sua canela?