Tratado Sobre as Ruas
[Intro: Diomedes Chinaski]
Eu vou te levar até o meu bairro através dessa letra
Sente o cheiro do meu bairro
Dom Diomedes e De La Massa
Sente o cheiro do meu bairro
Sente o cheiro
Jardim Paulista
A todos aqueles que estão na atividade
[Verso 1: Diomedes Chinaski]
Nada tá fácil, mesmo assim levantei-me onze horas
A vida aqui é de fumar becks e ouvir histórias
A sala cai, preferem o pátio da escola
Boa relação com os pais, faz tempo que já não rola
Por isso atrais tardes inteiras com a cara na cola
Confia demais, manejar o cano da pistola
Na sombra dos outros, já vi muitos pararem no esgoto
E serem enterrados, espatifados ossos do rosto
Mas episódios não educam, não causa apaziguamentos
A dor dos chutes na nuca é o único sentimento
Odor de fumo na rua, boy, ainda é intenso
Por mais que os cabra não ameace, deixaram o clima tenso
Os moleque raramente agora riscam os dentes
As tretas da Chave Mestra se resolvem no pente
Uma semana no meu bairro é tempo suficiente
Até pra Bento XVI se transformar em delinquente
Nem todos têm a mesma sorte, man, de Merlens
Que a maioria vê a morte entrar pela porta da frente
Tá vendo os PMs que estão ali a circular
Feitos exclusivamente só pra te assassinar
Mas nada impede, aqui são crimes de várias espécies
Pra se por onças no bolso e putas fazendo boquetes
Putas, mas, quando é flagrante, putas fazendo missão
Sob tortura de caboetar pra segunda sessão
[Verso 2: De La Massa]
Sob o arrebol, a rua ostenta luxúria
Prata, seda, vinho tinto, atrai vagabundas
Cresce o olho gordo dos filhos da puta seboso
Que foge da luta e só faz peso no globo
Eu dichavo palavras com sangue no olho
Transcrevo imagens do piche, da lama, do lodo
Me jogo no jogo com dados pegando fogo
Sem temer um insano destino assombroso
Miro o topo, que não é pra todos, eu sei
Vários neguinho cairam, também queriam ser rei
Morreram por status, talvez matou por status
Parece comum, mas um foi de embalo
Caralho, essa peleja não para
Minha quebrada não acalma
No mic mandando brasa
De La Massa (com Diomedes)
Psicopata
Tamo junto nessa porra
Queimando tudo antes que acabe
Sodoma e Gomorra
E se foda quem acha que é o cabeça da parada
Foda-se vadias, foda-se babacas
Tamo gravando as pancada na marra
Fumando os beck da massa
Com o L.O. meu comparsa
De Olinda a Paulista, tudo igual, né?
Barraco, estúdio, A Cria não escorre na fé
[Ponte: Diomedes]
Por isso aqui nada vinga
Por isso aqui nada vinga, vei, essa é a verdade
Vai!
[Verso 3: Diomedes]
Aqui se herda rancor, crianças parem crianças
No Brooklyn a Jardim Paulista, engravidam na infância
Nasci um desses pivetes acostumado a tragédias
Sonhava com revólveres, bocas e outras merdas
Falem o que quiser, mas não aceito a miséria
Se a sociedade não der, meu time trapaceia as regras
O trabalho é sujo, mas cabra que joga sujo
Traição nem São Benedito salva o dito cujo
Na missão continuo, não recuo do meu plano
Eu só evacuo respirando tipo Lucky Luciano
Pra nunca mais ver no book minha coroa se matando
Por um mínimo e, no máximo, nos manter respirando
O que os olhos viram, deixou o cérebro insano
A cada pôr do sol sinto o coração esfriando
Eu, Faraó, De La Massa e Leopoldo, na certa é baseado
Lá em cima tá louco, dizem que tem cana encapuzado
Quero viver bacana no bunker, com cobre guardado
Ouvir Pavarotti, morrer como um nobre soldado
Seu filho se vira só e permanece focado
Orgulhoso como sempre, franco e inconformado
Na mente visando lucros, mas sem "Vende-se" na teste
Nunca fui homem comum, nasci um porra Chave Mestra
Nasci um porra Chave Mestra
Nasci um porra Chave Mestra
[Saída]
Ressentimentos
Isso é só o início
Em breve tem muito mais
Tratado sobre as ruas