Homem Descrente
O mundo de hoje em dia
Ficou muito diferente
O povo mudou demais
Não é como antigamente
A situação tá difícil
Eu só vivo descontente
Todo ramo de negócio
Aparece um concorrente
Se a gente abre um boteco
Precisando do freguês
Aparece um português
E abre outro na frente
Do jeito que tô vivendo
Ainda morro de repente
Não acredito em mais nada
Fiquei um homem descrente
Tudo quanto eu vou fazer
Nasce um inconveniente
Eu ando tão ressabiado
Que até fujo dos parentes
Comecei um namorinho
Com a minha prima Maria
Não chegou passar dois dia
Já me pediu um presente
Viver explorando os outros
Eu acho muito indecente
Aquele que tem vergonha
Age mais corretamente
Passar a manta no pobre
É o prazer de muita gente
Isso me deixa nervoso
Mais bravo que uma serpente
Eu só tenho um defeito
Êta coisinha esquisita
Se vejo mulher bonita
Pego fogo de repente
Já tentei viver melhor
Mas não sou inteligente
Quando eu tava me arribando
Me perdi na aguardente
Ando procurando emprego
Isso me deixa doente
Nem sei mais o que penduro
No armazém do seu Clemente
Se eu não pagar o que devo
E manter o meu respeito
Eu tenho que dar um jeito
De sumir do continente