Coice de Mula
Eu acho bonito a simplicidade
Até a vaidade a gente aprecia
Da mulher vaidosa vaidade se espera
Mas quando exagera é antipatia
Eu fui numa festa com vários amigos
Espere que eu digo o que aconteceu
Vi uma madame bastante afetada
Coisa mais enjoada ninguém conheceu
Eu liguei no carro o meu toca fita
Pra ouvir uma moda de viola bonita
Foi quando a madame o nariz retorceu
Ela fez um gesto de mulher luxenta
E que não aguenta meu modo caipira
Vou contar direito o jeito da dona
Essa bocozona já tá meio gira
É uma professora sem muita paciência
Não tem competência nem na sua escola
O marido dela vive num inferno
Nas noites de inverno o coitado rebola
Ele sai de casa e vai pela rua
Do mel de uma noite só sobrou a Lua
Porque a bruaca não dá meia sola
Meu protesto é curto, mas desço o sarrafo
É o meu desabafo pra aquela cretina
Se ela não gosta de moda de viola
Por que me amola quando eu faço a rima
Eu quebro seu queixo com versos dobrados
Ameaço de lado e bato no meio
Eu mostro pra ela que minha investida
É causa vencida e não faço feio
Caboclo do mato quando é insultado
É mais perigoso que um tigre acuado
E mula queixuda eu quebro no freio
Eu escuto sempre no meu toca fita
Modinhas bonitas que gosto demais
Das duplas que cantam de peito largado
Correndo os estados e as capitais
Levando a cultura através da poesia
De noite e de dia na voz do violeiro
Eu fiz a gorducha descer a matula
Seu coice de mula foi um exagero
A viola caipira tem som comovente
Na radiofonia está sempre presente
E recebendo aplauso do Brasil inteiro