O Canto do Coração
Trago na voz por encanto
Numa mistura de canto
A tristeza e a alegria
São versos dessa novela
Onde a alma se revela
Em forma de poesia
Trago um cheiro a mar nos versos
Que ficam sempre dispersos
No verde da felicidade
Que, perdidos nas marés
Vêm morrer a meus pés
Como restos de saudade
Trago os bairros de Lisboa
Embarcados na canoa desse Tejo enamorado
E trago fases da Lua
Espalhadas pela rua como pedaços de fado
Sei que tenho aqui ao canto
Tudo vestido de espanto
O canto do coração
Já lhe chamaram lamento
Tristeza, sofrimento
Chamo-lhe apenas paixão
Trago uma tristeza breve
Quando a voz em mim se atreve
A roubar-me o coração
Mas é o canto da alma
Que, embora triste, me acalma
As noites de solidão
E quando uma guitarra
Vai teimando ser amarra
Dos desejos prometidos
Convoco os búzios da praia
P'ra lançar na minha saia
A sorte dos meus sentidos
E volto a ser fantasia, e volto a ser alegria
Vestida de espanto
Sou a voz dos meus poetas, que encontram palavras certas
Para pôr nos fados que canto
Sei que tenho aqui ao canto
Tudo vestido de espanto
O canto do coração
Já lhe chamaram lamento
Tristeza, sofrimento
Chamo-lhe apenas paixão