Caçada De Onça
Eu recebi uma carta noticiosa e mensageira
Do bairro da Cachoeira da fazenda do Matão
Antes de rasgar o selo reparei no remetente
Escrita pelo gerente no endereço do patrão, ai
Quando eu li a missiva senti no peito um galeio
Compreendi que estava feia no lugar a situação
Apareceu uma onça de foguete na canela
Pegando potro e vitela arrasando a criação
Ofertava um grande prêmio à quem matasse a pintada
Eu aceitei a parada mas foi por inclinação
Passou a Semana Santa era um dia de aleluia
Ajeitei a mala e cuia pra sair cortando o chão, ai
Joguei por cima do ombro o meu capote de lona
Aviamento na patrona, apetrecho e munição
Espingarda cartucheira eu levei de tiracol
As ponta do cachicol eu prendi no cinturão
Peguei a velha corneta lustrei o bocal de prata
Eu trelei a Campionata, o Piloto e o Sultão
Com uma grande confiança nos três cachorro de raça
Soltei no rastro da caça lá no alto do espigão, ai
Os três entraram na mata dando sinal de levante
Eu segui um pouco à diante garantindo a posição
Esperei na travessia do velho mandacaru
Jararaca e urutu davam bote de traição
A rainha da floresta desceu pela ribanceira
Apesar de ser mateira desmentiu a informação
Nos terrenos conhecidos percebeu a emboscada
Desceu pela invernada pra pular o ribeirão, ai
Mas tudo que é vivente tem seu momento infeliz
Caiu que nem a perdiz na unha do gavião
Alvejei de queima bucha quando foi fazer passagem
Matei a fera selvagem, derrubei mais um campeão
Pro capataz da fazenda entreguei a empreitada
Precisava uma picada eu abri com o meu facão
Perguntaram do meu nome eu só dei as iniciais
Eu vivo nas capitais mas adoro este sertão, ai
Eu não quero pagamento e nem medalha de ouro
Só quero levar o couro pra aumentar a coleção
Eu vim pra matar saudade não vou pra ganhar dinheiro
Pra filha do fazendeiro entreguei o meu cartão