Quanta Parada Errada

Mais um dia recomeça na quebrada,
Acordei com os gritos da molecada
Abri a janela e fiquei curtindo
Era dia de São Cosme e Damião,
Eles estavam se divertindo veio
Quanta alegria, gritando por doces e balinhas
São raros esses momentos na periferia
Infelizmente drogas, armas e bebidas
Destroem muitas vidas, mas mesmo assim
Você senta o dedo, diz que não tá nem ai que derruba
sem dó
Que daqui a algum tempo será o Novo Rei do Pó
Idéia errada já conheço o final dessa história
São poucos veio os momentos de glória
O sonho de ter muito dinheiro se transforma num
terrível pesadelo
Choro correria, momentos de agonia morto por outro
maluco da quebrada
Ou pela policia, a hora do Poderoso será cumprida
Tiro na testa, UTI, cemitério eu só lamento veio
Se liga sai dessa enquanto há tempo.

Refrão (2x)

Sei que bem cedo aprendemos a conviver no meio da
malandragem
respeitar as caras, ficar de boca fechada, ninguém
viu, ninguém vê
ninguém ouve nada, quem dá tiro leva tiro cacoete vai
pra vala
quanta parada errada irmão, porque fica nessa então.

O GDF tá poço se fodendo, o Presidente muito menos
Governo democrático e popular o caralho
Não, não, não, não.. não sou otário
Minha área foi julgada eu sou um dos condenados
Sei que tenho poucas chances mas mesmo assim
Vou correr atrás do prejuízo, sei que não posso dar
brexa
Tenho que agir veio da maneira certa, isto é,
Se eles não me derrubarem antes, isto é,
Se eles não colocarem no meu bolso um flagrante
Sei que não posso vacilar, a policia tá ai pra
Proteger ou pra matar, sei lá! O bote é certo
Quem mora nas quebras tem é que ficar esperto
Guindaste 121, nego boy se foi perdemos mais um
chegado
Que Deus perdoe seus pecados
Mais um maluco, mais um defunto veio
Um abraço.

Refrão (2x)

Tenho saudades de tempos atrás, funções, Delarte dez
dragões
Duardo, Bercais, Mazinho, Finado Carlinho, Soneca,
Lobinho
Aldivan, Nego Gilmar, Robertinho, Negão, Galpão 17,
Lasali veio
No barraco da Deli quanta curtição, ensaiávamos os
passos de funk
Pra disputarmos com outras gangues,
mas os passos já não se ensaiam
Pente carregado, tambor lotado dando tiro veio
não importa quem será o alvo
Quem será o próximo, quanta parada errada,
mas aqui ninguém viu, ninguém vê
ninguém ouve nada enquanto isso eu vejo mais um
chegado,
desesperado, agoniado indo veio de encontro a morte
sempre contando com a sorte no escuro
vendendo pó, maconha e merla
mais um veio traficante em guerra
menores de idade entrando e saindo do CAGI,
matando pra não morrer, morrendo sem saber, que merda.

Sem terem medo da policia, abraçam a morte por um
quarto de merla
qualquer motivo é motivo pra puxar, apertar, jogar,
sei lá,
qual que é, o que que a, de repente pra você tanto
faz
eu olho e digo descanse em paz.

As merdas por ai continuam acontecendo,
Muitos camaradas continuam se fodendo
Entre um bagulho e outro, sempre rola um pipoco
Veja só quantos malucos já se foram
Não dá pra contar, eu não queria lembrar
Mas não consigo evitar
Sei que bem cedo aprendemos a conviver no meio da
malandragem respeitar as caras, ficar de boca fechada,
mas aqui ninguém viu, ninguém vê
ninguém ouve nada, quem dá tiro leva tiro cacoete vai
pra vala
quanta parada errada
sei que você sente saudades de seu chegado que foi
preso
sei que você sente saudades de seu chegado que foi
morto
sua mãe tem medo que você saia, pois na sua quebrada
encontraram mais um corpo então como sempre veio ela
tem razão
basta apenas um passo em falso
você vacila, atira, se complica, faz vitimas e acaba
se tornando alvo

Refrão (2x)

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