Janela
Celina Kuschnir
olho da casa
a janela é a entrada
da luz distante
e da chuva anunciada
por longas nuvens
é um cinza-azul
o sol se esconde
e pingos vão ao sul
mas logo passa
é chuva de verão
molha depressa
relaxa o coração
mas se esquecer aberta
alaga tudo
aí já viu
tão logo fecha
a janela vira lente
uma parede
de vidro transparente
uma abertura
por onde voa a voz
troca de mundos
o antes e o depois
nem dentro ou fora
abre uma passagem
sua moldura
cria a imagem
viva de cores
perfumes e seu sons
um véu que veste
os retratos e seus tons
olha quem vem lá
chegando perto
quase aqui, ali
cuidado vai bater