Carreiro Novo

Nilton Costa / Tião Do Carro

Carreiro novo que não sabe carreá
Não passa carvão no eixo
Pra fazê o carro cantá
O meu pai foi um carreiro
Isto eu posso jurá
Cada vez que o carro canta
Dá vontade de chorá


Eu estudei medicina
Hoje sou doutor formado
Mas o meu pai foi carreiro
Famoso e respeitado
Na região do sul de Minas
Distante do povoado
Eu conhecia seu carro
Num cantar apaixonado
Hoje minha vida é amarga
Fiquei com o peso da carga
E a saudade do passado


Meu pai pitava paieiro
Feito só de fumo bão
Tinha um chapéu meia aba
E um paletó jaquetão
E um facão jacaré
Pendurado num cambão
E o rastro da boiada
Deixava marcas no chão
Não usava candeeiro
Sua imagem de carreiro
Eu guardo no coração


Igual rodeiro de carro
Que escreveu pro chão afora
Carregado de café
Ou de madeira em tora
A minha caneta escreve
Enquanto os meus olhos chora
É uma carta de saudade
Pro meu pai que foi embora
Numa estrada azulada
Sem carro e sem boiada
Lá nas campinas da glória

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