Infinito

Cadelis

[Verso]
Infinita verdade, ninguém precisa de guia
Mas a tristeza assola, está sempre de vigia
Não posso me ver fraco, cair nessa ilusão
Só vejo minhas próprias pegadas se olho pro chão
Minha alma silencia, meu rosto entristece
A mente se agita, mas o corpo é quem padece
À noite é sempre frio, não sinto meu coração
Só me sobrou vazio, meu peito bate em vão
Melhores dias virão, vamos encontrar a paz
Amor tornou-se coisa rara, quase não se encontra mais
Sentimentos leais hoje em dia em extinção
Amigos se tornam pouco, os que eu tenho chamo de irmãos
Eu procuro uma saída, não encontro a solução
Me vendo morrer em vida, seguindo minha trilha em vão
Se eu saio sem direção, não procuro mais por ninguém
As ruas estão vazias, as almas estão também
Qual o preço de ser livre, quanto vale um pensamento?
Alguns apenas sobrevivem congelando sentimentos
Por hora minha alma vive, funciona pela metade
De mim arrancada tive, jogada pra sociedade
Usado como instrumento, uma peça do maquinário
Todos temos maus momentos, querem nos tirar pra otários
A metade que me resta guardo pro que é de verdade
A sobra foi consumida pelo aço da cidade
Pelas falsas amizades, todos jogam na defesa
Se eu duvido da bondade, como posso ver beleza?
Terei a capacidade de derreter essa neve
De buscar recuperar a metade que eles me devem
Não quero que a outra levem, sinto falta de carinho
Mas não sou mais como antes, prefiro ficar sozinho
Eu busco quem tá ao lado, os portões estão fechados
Cada um tem seus problemas e seus próprios cadeados
Entre as calçadas me espremo, transitando entre as vias
As ruas tão lotadas, mas as almas tão vazias
O trânsito fechado, variações de buzinas
Outros mais acelerados, caindo pelas esquinas
Encobertos na neblina, escapando da rotina
No espelho da verdade a vida nos alucina
Mas a loucura nos cansa, ou você vence ou você dança
Violações no compasso, obstáculo a cada passo
Hoje eu penso duas vezes, ontem quebrei a cabeça
Querendo encontrar um meio pra que a dor desapareça
Senti frio, solidão e dor, mas resisti sozinho
E o medo insiste em me encontrar pelo caminho
Pois temer é natural e não faz de mim menos
E ao enfrentar o mal corajosos nós seremos
E no sereno é natural se eu me sinto aquecido
No gelo eu já fui criado, no limbo fui esquecido
Provado por várias vezes, vivi milênios em meses
Na margem da sociedade, ou alta classe dos burgueses
Já experimentei do mel, já adocei minha boca
Mas foi o amargo do fel que me fez ver que a vida é louca
E toda atenção é pouca, pois toda noção se acaba
O céu azul sobre a cabeça se torna cinza e desaba
Ressaca que vem é brava, nossa rima as vezes trava
Em meio a quem me odiava esquecia quem me amava
Escolhas não tava certo, se acolhe a quem tá por perto
Um segundo de peito aberto e são meses ficando esperto
Eu tô alerta a tudo, hoje me mantenho mudo
Esse é o preço que se cobra, muitas porradas, cascudos
A maldade sobra, encontra-se em cada esquina
Numa 22 usada ou uma bucha de cocaína
Pronta pra ser consumida ou pronta pra ser disparada
A escolha é toda sua, vai seguir por qual estrada?
Eu vou além do infinito

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