Diabo na Terra
Ele é a besta maldita
Faz nos crer que não existe
Os séculos passam, mas ele persiste
Imortal, invisível, camaleão
Manifesta-se no mal
Que atinge a população
Ardiloso, dissimulado
Perito em apagar provas
Quando quer assume identidades novas
Como um vírus infecta tudo que toca
Ri-se na tua cara e na de quem o provoca
Ele é qualquer vício que te torna mais fraco
Ele é a nicotina, nesse maço de tabaco
Pela calada vai matando 100 milhões por ano
Eis o seu plano extinguir todo ser o humano
Consumindo a saúde, ele vicia pessoas
Oferece-te o mal vestido de coisas boas
Acredita que ele espera que tropeces
É o diabo na terra
É melhor correr
Ele vai-te apanhar
Se fores ao chão
Tens que levantar
(Ele vai nos apanhar, é o diabo na terra)
Ele engana toda gente ninguém é inocente
É ele que te dá a seringa e torna-te depende
Desse veneno não condeno mais forte que a vontade
Aceita a verdade ou deixa que aos poucos te degrade
Se fraquejas ele apanha-te porque é isso que ele quer
Ele compra a tua alma em troca de uma "ina" qualquer
Cocaína, heroína, metanfetamina
Benzodiazepina, codeína, morfina, depois declina
Física, psicológica, é lógica a dependência
Euforia no consumo, ressaca em abstinência
Consciência alterada, malvada overdose
DST's, hepatite, tuberculose, psicose
Depois é entra e sai de centros de reabilitação
Em depressão, quem dera ter dito que não
São anti-depressivos, ataques convulsivos
Tantos aditivos, todos nocivos e lucrativos
Dextrose, glucose, sacarose, maltose
Ele é o açúcar que te induz em hipnose
Acredita que ele espera que tropeces
É o diabo na terra
É melhor correr
Ele vai-te apanhar
Se fores ao chão
Tens que levantar
(Ele vai nos apanhar, é o diabo na terra)
Se queres ir p'o céu quando morreres
Tens que pagar enquanto vives
O diabo põe-te o doce à frente e espera que tu salives
E salivas não te esquivas vais papar essa maçã
Ele apanha-te, e apanha-me se não for hoje então é amanhã
Ele é moeda, ele é nota, ele é débito, ele é crédito
É lucro e prejuízo, meu aviso não é inédito
Vive nas nossas carteiras, em cheques e cartões
Nós contamos tostões a sonhar com os milhões
Doações de corporações que depois compram nações
Tudo se faz por dinheiro até inventam religiões
Alerta, estamos todos a venda à espera da melhor oferta
O preço baixa quando o cinto aperta
Dizes que é normal, qual é o mal em ser ambicioso?
Poder é perigoso, torna o homem ganancioso
É fazer a festa sozinho e comer o bolo inteiro
Há gente que é tão pobre que só lhes resta o dinheiro
Depois bebes para esquecer, bebes para comemorar
Já nem sabes por que bebes nem te consegues lembrar
Nem deixar de beber, nem sabes o que se passa
Copo a copo vamos bebendo a nossa desgraça
Vai-se a massa e a saúde, não há quem ajude
O povo assiste e bate palmas
Mais um copo "It's all good"
Será que distingues o beber social do compulsivo
É o diabo
É melhor correr
Ele vai-te apanhar
Se fores ao chão
Tens que levantar
(Ele vai nos apanhar, é o diabo na terra)