Cabelo no Couro
eu andei muito sozinho sofrendo barbaridade
querendo esquecer a china que me deu tanta saudade
me embretei por esse mundo igual cachorro sem dono
chorei um mar de tristeza
botei a vida em brabeza pra fugir deste abandono
êta chinoca tão arisca que foge da pista suando o cangote
não quer varar a madrugada comigo grudada a dançar o xote
mas quem já sofreu de amores não esquece um só momento
fica andando sem destino que nem pandorga no vento
eu voltei pra junto dela igual o pinto pro ovo
grudei que nem carrapato
como quem gosta do prato e mando vir tudo de novo
êta chinoca tão arisca que foge da pista levantando poeira
não quer varar a madrugada comigo grudada a dançar a rancheira
esta china é mais arisca que potro chucro na soga
se o índio não for treinado num corcoveado se arroga
é mulher que não se acanha e não aceita desaforo
eu voltei pros braços dela
e vou viver grudado nela que nem cabelo no coro
êta chinoca tão arisca que foge da pista que nem redomão
não quer varar a madrugada comigo grudada a dançar vanerão
não há mal que sempre dure não tá morto quem peleia
e eu vou domar esta china de puro sangue na veia
vou trazer de rédeas curtas e esporas bem afiadas
pra que ela saiba quem manda
e não me saia de banda na hora da corcoveada
êta chinoca tão arisca só entra na pista me fazendo fita
não quer varar a madrugada comigo grudada a dançar chamarrita