Senhor das moscas

Jeferson

A voz que inflama a multidão
Somos iguais, todos irmãos!
E a marcha segue direto pra forca
Tudo a contento do senhor das moscas
Distante eu sou apenas a ideia
Perto proclamo a doença e miséria
As mãos lavadas e sem mais promessas
E dai a César o que é de César


Quero matar, quero salvar
O copo cheio até transbordar
Quero o FIM
E a salvação!
A luz que atrai para a escuridão
Quero o acordo, quero a discórdia
A condenação e a misericórdia
Quero o bem fazendo o mal
O último trago antes do final


Quero ficar, quero partir
Não olhar pra trás e nunca sumir
Quero gritar e nada dizer
Tudo a ganhar sem nada a perder
Quero sentir, quero a inércia
A consolação da ferida aberta
Quero o real e a ilusão
A insanidade e a revelação


Quando a mentira virou verdade
A passos largos da realidade
Quando a vaidade seduz a razão
Onde está a revolução?
Quando o silêncio cair sobre nós
Restando apenas um cenário atroz
Quando o egoísmo vencer a esperança
Enfim dançamos a mesma dança


Os olhos seguem a mão do carrasco
Abandonado por Deus e o Diabo
E a boca sussurra a última prece
Mais uma vida que a história esquece
Como um cão pestilento com sangue nos olhos
Eu marcho com a noite escondido entre as sombras
Sou o próprio demônio a procura de uns tragos
Sorrisos de álcool e versos imundos


Estarei com você como nunca estiveram
Serei seu diabo, pagarei suas contas
Aceitarei seus defeitos, não se trata de amor
Só instintos impuros e cobiça de carne
Em meio a essa sujeira vou limpar o seu corpo
Praguejar o falso mundo dos dentes mais brancos


Vou revelar nossos truques novos pecados
Que habitam seus sonhos não realizados
O futuro é o sopro de um olhar senil
A existência, um momento, um ideal tardio
O pensamento um lamento um breve calafrio
O sangue turva, coagula, não é mais febril
A noite chega e o que vejo, ninguém jamais viu
A boca cospe palavras, não sei quem pariu
Mente bloqueada, mas o mal saiu


Então entre as sombras Deus me livre do inferno
Pobre diabo, vil
E via o pão que o diabo amassou
Com a farinha do mesmo saco
De onde Judas perdeu as botas
Terra de cegos do olho por olho
Não preciso vero diabo, pra conhecer o inferno


No rosto exposto o fundo do poço
O futuro escuro pichado no muro
Fumaça de graça na praça a cachaça
O momento, o exemplo, mas e o sustento?
No beco mais beco escuro, o pensamento é insulto
E o silêncio grita, acena a olhos fechados
Dê-lhes um inimigo em comum
A união é fruto de um inimigo

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