Névoa Ou Quando a Gente Se Mata Numa Canção

Ana Larousse

Deus, me ajude eu já não posso nada por mim
Deus, me ajude eu já não posso nada por mim

Chega dia desses quando a névoa desce o chão
E eu grito da janela que me salve o coração
Alguém que me ouça, vem me pegue pelas mãos
Puxe forte, eu ando presa, tão mais presa que botão

Quando chega dia desses é tão difícil carregar
Esse abismo que encontrei já cavado por meus pés
Eu, que tão coração de ateu
Nesses dias tão de névoa, da janela eu sou quem berra

Deus, me ajude eu já não posso nada por mim
Deus, me ajude eu já não posso nada por mim

A janela me seduz eu não sei se é a névoa ou se é meu corpo fraco
Que acredita alçar um voo ao pular, ao pular, ao pular
Tanto fiz, tanto chorei, tanto me esperneei, tanto vi, tanto morri, meus sentidos se cansaram

Deus, me ajude eu já não posso nada por mim além desse
Adeus, adeus, ah, Deus, ninguém mais pode nada por mim
Ai, Deus, exista por favor, que eu já não posso nada por mim
A não ser pular, pular

Dar o salto mais bonito
E tingir toda cidade
Deixar tudo colorido
Como se eu plantasse flores
Minha mãe, não se preocupe
Já não sou nada por dentro
Esse voo é meu alento
Minha última canção
Pra esgotar o que sobra
E fazer do meu alívio
Minha última e mais bela obra
Minha mais bela obra

Deus, me salve
Adeus, alguém me salve

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