Xote Do Pescador

Alves Nascimento / Amarilio Alencar

Eu aumento, não invento
Eu só falo a verdade
Não gosto de mentira
Conto com sinceridade


Quando eu morava no Sertão
Vinha andando sozinho pela estrada
Era noite, meia-noite
Tudo escuro, pouca Lua
Deparei com uma alma


Mas não era qualquer alma não
Era uma alma medonha
Daquelas bem grande que mete medo na gente, que jamais vi uma igual


Meti o pé na carreira
Parecia um alazão
Um cavalo desembestado
No meio da escuridão
Eu corria tanto tanto
Mas tanto tanto
E ela botando atrás de mim


Cheguei na beira do açude
Eu vinha numa velocidade tão grande
Que nem deu tempo de parar
Passei por foi cima d'água
Que em o sapato molhei
Quando eu vi já tava era do outro lado


Meu compadre Alves tava ouvindo
Coçou a cabeça e me perguntou
Quando foi isso compadre?
Quero tirar uma dúvida contigo


Foi ontem quarta-feira
De madrugada
Por volta de uma hora
Mas não vi ninguém por lá


Você não viu
Mas eu estava lá pescando
E lá pelas 4 da manhã
Quando estava voltando pra casa na minha canoa
Vi um rastro de uma pessoa por cima d'água e não sabia de quem era
Rá, Rái… Foi você então, agora eu descobri


Pescador não mente
Só fala a verdade
Eu também não minto não cumpadi
Essa história foi verdade

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