Abril
Habito o sol dentro de ti,
Descubro a terra, aprendo o mar,
Por tuas mãos, naus antigas, chega ao longe
Que era sempre tão longe aqui tão perto.
Tu és meu vinho, tu és meu pão,
Guitarra e fruto, meu navio,
Este navio onde embarquei
Para encontrar dentro de ti o país de Abril.
E eu procurava-me nas fontes da tristeza,
Cantava, adivinhando-te, cantava,
Quando o país de Abril se vestia de ti
E eu perguntava quem eras.
Meu amor, por ti cantei e tu me deste
Um chão tão puro, algarves de ternura,
Por ti cantei à beira-povo, à beira-terra
E achei, achando-te, o país de Abril.
Manuel Alegre