De Bubuia
Marapatá roubou minha vergonha
Misturou água negra com barrenta
E sacudiu canarana varrida
Que acenava ao boto distante num desejo impossível
Vi, parado da canoa
A floresta desfilar o seu silêncio chicoteado
E trêmulo pelo grito do Mapinguari
Quatro luas de banzeiro
Rezando fino frio de chuva
A proa que afunda em águas escandalosas
E o rio se encharca, se empanturra
Na festa liquida
A chuva pingava pingando
Baldes de rios
A cabocla foi passear
Seu sexo na calçada enxuta da cidade
Onde o boto se arrisca uma conquista
E a canoa solitária
Onde o rio é testemunha
Boto molhado não conquista ninguém
A cabocla foi passear
Seu sexo na calçada enxuta da cidade
Onde o boto se arrisca uma conquista
E a canoa solitária
Onde o rio é testemunha
Boto molhado não conquista ninguém
Boto molhado não conquista ninguém